sexta-feira, 11 de março de 2016

Da Sedução. Pablo Picasso. Bertolt Brecht. «Muita menina sentiu perigo desde que o deus no cisne entrou foi com gosto ela ao castigo: o canto do cisne ele não perdoou»

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Reivindicação de arte
«A boa, que ao seu amor nada nega
e se lhe entrega com antecipação
saiba: que não e boa vontade não
mas talento, o que ele deseja na esfrega.

Mesmo se à velocidade do som
do sou-tua dela à copula chega
não e pressa que o botão dele carrega
quando às bolas seminais dá vasão.

Se é o amor que primeiro atiça o fogo
precisa ela depois, para Inverno amparado
de ser dona ainda de um traseiro dotado.
De facto, mais que o fervor no olhar
(também faz falta) um truque há que usar:
coxas soberbas, em soberbo jogo».


Aula de amor
«Mas, menina, vai com calma
mais sedução nesse grasne:
carnalmente eu amo a alma
e com alma eu amo a carne.

Faminto, que queria eu cheio
não morra o cio com pudor
amo virtude com traseiro
e no traseiro virtude pôr.

Muita menina sentiu perigo
desde que o deus no cisne entrou
foi com gosto ela ao castigo:
o canto do cisne ele não perdoou».
Poemas de Bertolt Brecht, in ‘Da Sedução

In Bertolt Brecht, Da Sedução, Poemas Eróticos, Gravuras de Pablo Picasso, Editorial Bizâncio, Lisboa, 2004, ISBN 972-53-0018-1.

Cortesia da EBizâncio/JDACT