quinta-feira, 24 de março de 2016

Pedro Fernandes Queirós ou Pedro Fernández Quirós (1565-615). Ilídio Amaral. «Em 1527 Diogo Ribeiro terminou o ‘Padrón Real’, o mapa oficial, mas secreto, usado como modelo nos mapas espanhóis e que é considerado o primeiro mapa-mundo»

jdact

Viagens e descobertas de ilhas no Sul do Pacífico a mando da Coroa Espanhola, em tempos da decadência do seu Império
«(…) Vale à pena recordar algumas dessas representações, até porque é de crer que fossem conhecidas por Pedro Fernandes Queirós e por outros exploradores da sua época. Havia o mapa-mundo manuscrito de Juan la Cosa (1450-1510) datado de cerca de 1508; o planisfério de Orontius Finaeus Dophinus (1494-1555) publicado em 1519 e revisto em 1531; o planisfério e globos de Caspar Vopel ou Vopelius (1511-1561), produzidos em 1536, 1545, 1549 e 1552; o mapa-mundo de Sebastiano Caboto, ou Sebastián Caboto ou Cabot (cerca de 1474-1557) datado de 1544; os globos de François Demongenet de 1552 e 1560; o mapa-mundo de Abraham Ortelius (1527-1598), no atlas Theatrum Orbis Terrarum, impresso em 1570, e ainda Maris Pacifici de 1589, no qual a Nova Guiné aparece perfeitamente delineada como ilha, separada da Terra Australis de contornos ainda mal definidos; o Speculum Orbis Terrarum de Gerardus de Jode (1509-1591), de 1578 competindo com o atlas de Ortelius, e o Hemispherium als Aequinotiali Linea, ad Circulum Poli Antarctici de 1593; o planisfério de Gerard Kremer ou Gerardus Mercator (1512-1594), impresso em 1587; Cornelius de Jode (1568-1600) em 1593 retomou a publicação de Spectrum Orbis Terrae da autoria de seu pai Gerardus de Jode. De 1600 é o Maris Pacifici quod vulgo mar del zur cum regionibus circumincentribus, insulis in eodem passi sparsis, novíssima descriptio, do cosmógrafo Gabriel Tatton. É de recordar, igualmente, o mapa-mundo de 1529 produzido por Diogo Ribeiro, também conhecido por Diego de Ribero (?-1533), de origem portuguesa, trabalhando desde 1518 ao serviço da coroa espanhola na Casa de Ccontratação de Sevilha. Participou na preparação de cartas utilizadas na primeira viagem de circum-navegação feita por Fernão de Magalhães e Juan Sebastian El Cano e em 1523 foi nomeado mestre na arte de criar mapas, astrolábios e outros instrumentos. Em 1524 participou na delegação espanhola da Junta de Badajoz-Elvas que antecedeu o Tratado de Saragoça de 1529, o qual fixou o antemeridiano nas Molucas.
Em 1527 Diogo Ribeiro terminou o Padrón Real, o mapa oficial, mas secreto, usado como modelo nos mapas espanhóis e que é considerado o primeiro mapa-mundo de carácter científico, com base em observações empíricas da latitude. O mapa mostra o Pacífico e, relativamente às Américas, as costas desse extenso cordão continental norte-sul. Mas nem a Austrália nem a Antárctida aparecem nele. Diogo Ribeiro foi também o inventor de uma bomba de água de bronze capaz de bombear a água dez vezes mais rapidamente que os modelos anteriores. Vejamos um pouco do quadro geral do conhecimento da parte meridional do Pacífico. Desde que Vasco Núñez Balboa, depois de uma travessia difícil das montanhas cobertas por florestas densas do istmo do Panamá, viu o vasto oceano em 25 de Setembro de 1513 e o designou de Mar do Sul e que com a viagem de Fernão de Magalhães-Juan Sebastian El Cano passou a Oceano Pacífico, este constituiu um acontecimento importante para a história da humanidade, após a descoberta (?) da América em 1492 atribuída a Cristóvão Colombo. A primeira viagem de circum-navegação serviu para comprovar que se podia chegar a esse novo mar contornando a ponta mais meridional da América pelo sul, depois da travessia do Atlântico, e alcançar as terras do Extremo Oriente, das Molucas, da China e da Índia onde já tinham chegado os portugueses, depois de passarem pelo Atlântico e pelo Índico. Para a Espanha o Pacífico tornou-se ainda mais importante pelo facto da situação geopolítica da época interditar as rotas pelo Índico pois que este estava sob domínio da Coroa Portuguesa». In Ilídio Amaral, Pedro Fernandes de Queirós ou Pedro Fernández de Quirós (1565-615), o Descobridor de ilhas, o Visionário de um continente cheio de riquezas […]), Edições Colibri, Lisboa, 2014, ISBN 978-989-689-446-7.

Cortesia de EColibri/JDACT