sábado, 20 de junho de 2020

Mistérios Sombrios do Vaticano. Paul Jeffers. «A revista pesquisou os casos notificados nos Estados Unidos em 1988 e 1989 e descobriu 250 casos com acusações envolvendo padres…»

jdact e wikipedia

Os Tesouros do Vaticano
Sacerdotes malcomportados
(…) Segundo um boletim de ocorrência do Departamento de Polícia de Los Angeles, BC307.934, arquivado em 17 de Dezembro de 2003, de 1955 a 2002 pelo menos vinte e oito sacerdotes da arquidiocese de Los Angeles acusados ou condenados por abuso sexual ocupavam as mais altas posições. A queixa registada no boletim afirmava: sacerdotes ocupando boas posições, como os bispos Juan Arzube e G. Patrick Ziemann, usaram sua influência na administração da arquidiocese para encobrir outros sacerdotes. Sacerdotes envolvidos em educação, como Leland Boyer e Geral Fessard, usaram sua autoridade para ter acesso às vítimas e depois encaminhavam as crianças que molestavam para os seminários e o sacerdócio. Esses vinte e oito sacerdotes e provavelmente muitos outros ocupavam posições de bispos auxiliares, vigários paroquiais, vigários-gerais, reitores e professores em seminários locais e como recrutadores para seminários. A elevação de molestadores de crianças a essas posições ajuda a explicar por que tantos molestadores se tornaram sacerdotes, e como tantos seminaristas e sacerdotes se tornaram molestadores de crianças.
Jeffrey Anderson, advogado de Minnesota especializado em acções civis por abuso sexual, sabia da existência de mais de 300 queixas contra padres católicos em quarenta e três estados em 1991, tendo ele próprio tratado de oito casos. O repórter Jason Berry descobriu pelo menos cem acordos civis feitos pela Igreja Católica entre 1984 e 1990, totalizando entre 100 milhões e 300 milhões de dólares. O padre Thomas Doyle, advogado canónico da Igreja Católica Romana, calculou haver cerca de 3 mil sacerdotes molestadores de crianças (uma média de dezasseis padres pedófilos por diocese). A. W. Richard Sipe, psicoterapeuta e ex-sacerdote em Baltimore, autor de A Secret World: Sexuality and the Search for Celibacy, fez um amplo estudo sobre a conduta sexual dos padres e afirmou: a probabilidade de um padre católico nos Estados Unidos ser sexualmente activo é de um em dois. Sipe estudou mil padres e 500 das suas vítimas ou amantes. Descobriu que 20% dos padres estavam envolvidos em relacionamentos sexuais com mulheres; 8% a 10% na exploração heterossexual; 20% eram homossexuais, sendo metade deles activos; 6% eram pedófilos, quase 4% deles visando meninos.
O escritório da revista Freethought Today em Madison, Wisconsin, informou que recebe de três a quatro recortes de jornais por semana de leitores comunicando uma nova acusação criminal ou civil contra um padre ou ministro protestante. A revista pesquisou os casos notificados nos Estados Unidos em 1988 e 1989 e descobriu 250 casos com acusações envolvendo padres, ministros ou funcionários ministeriais nos Estados Unidos e Canadá. Dos clérigos acusados, setenta eram padres católicos (39,5%) e onze eram ministros protestantes (58%). Embora os padres representem aproximadamente 10% do clero norte-americano, compunham 40% dos acusados. Com resultados desconhecidos em cerca de um quinto dos casos, o estudo descobriu que “88% de todos os clérigos acusados foram condenados (81% dos padres foram condenados). (…) E a maioria dos casos não foi a julgamento. (…) Três quartos de todos os clérigos que alegaram inocência foram considerados culpados. Cerca de metade dos padres católicos que alegaram inocência foram condenados.
O estudo revelou que os padres católicos foram inocentados ou tiveram as acusações de abuso sexual infantil rejeitadas em proporção mais elevada do que os ministros protestantes. Da mesma forma, os padres católicos tiveram uma proporção mais elevada de sentenças suspensas quando condenados, e quando sentenciados passaram muito menos tempo na cadeia ou prisão. Angela Bonavoglia, autora do livro Good Catholic Girls: How Women Are Leading the Fight to Change the Church, observou que muitos padres católicos em todo o mundo, México, América Latina, África e Estados Unidos,  mantinham relações consensuais com mulheres. Muitos outros padres estavam envolvidos em relacionamentos consensuais com outros homens adultos. É evidente que a crise da Igreja é muito maior do que a questão da pedofilia ou do abuso sexual de menores, ela escreveu. Envolve crimes e criminosos, sexo e poder, sim. Mas trata-se fundamentalmente de hipocrisia». In Paul Jeffers, Mistérios Sombrios do Vaticano, 2012, tradução de Elvira Serapicos, Editora Jardim dos Livros, 2013, ISBN 978-856-342-018(7)-3(6).

Cortesia de EJLivros/JDACT