sexta-feira, 12 de junho de 2020

Os Manuscritos de Jesus. Michael Baigent. «Alexandria, quarto ano de Cláudio (45 d.C); consta que Jesus ben Josef, imigrante da Galileia, julgado e condenado em Jerusalém por Pôncio Pilatos…»

Cortesia de wikipedia e jdact

O Tesouro do Padre
«(…) Saunière foi nomeado pároco da cidade em 1885. Sua renda anual era de aproximadamente dez dólares. Adquiriu fama, que perdura até hoje, por ter obtido, no início da década de 1890, de fontes misteriosas, por razões igualmente misteriosas, uma fortuna considerável. A chave para tal riqueza foi uma descoberta feita por ele durante a reforma da igreja, em 1891. O tesouro encontrado, porém, segundo Bartlett, não era a reluzente mina que supusemos a princípio (talvez o tesouro perdido do Templo de Jerusalém), mas algo muito mais extraordinário, documentos relativos a Jesus e, assim, à própria base do cristianismo. À época, isso nos pareceu incrível demais para levar a sério, motivo pelo qual ficou arquivado. Certamente havíamos desconfiado que algo estranho se passava nos sombrios corredores da história, mas enquanto trabalhávamos em O Santo Graal e a linhagem sagrada, íamos descobrindo todo o tipo de dados inesperados e altamente controversos que acabariam por nos distanciar das preocupações dessa carta, de modo que a pusemos de lado para um exame futuro. A sobrevivência de Jesus simplesmente não era, então, um tema importante para nós, já que nos concentrávamos na possibilidade de antes da crucificação ele ter tido ao menos um filho, ou deixado a esposa grávida. Por isso, se a vida de Jesus se encerrara ou não na cruz parecia irrelevante para o nosso relato de seu casamento, da sobrevivência de sua linhagem ao longo da história europeia e a simbólica expressão da mesma nas lendas do Santo Graal, lendas que constituem a espinha dorsal do nosso best-seller O Santo Graal e a linhagem sagrada, publicado pela primeira vez em 1982.
Contudo, intrigados com essa carta ousada, porém resoluta, vira-e-mexe voltávamos a ela. O que, nos perguntávamos, constituiria uma prova irrefutável de que Jesus sobrevivera e muito tempo depois ainda continuava vivo? O que, com efeito, pensávamos, fundindo nossos miolos, constituiria prova irrefutável de qualquer coisa na história? Documentos, supunhamos, mas que tipo de documento estaria livre de dúvidas?
Os documentos com maior grau de credibilidade, na nossa opinião, seriam aqueles de aparência mais mundana, os que não servissem a quaisquer interesses, não fundamentassem quaisquer argumentos; um rol, talvez, o equivalente histórico a uma lista de compras. Um documento jurídico romano, por exemplo, declarando de forma objectiva:

Alexandria, quarto ano de Cláudio (45 d.C): consta que Jesus ben Josef, imigrante da Galileia, julgado e condenado em Jerusalém por Pôncio Pilatos, é hoje proprietário reconhecido de um lote de terra além dos muros da cidade.

Mas tudo parecia meio fantasioso.
Depois que O Santo Graal e a linhagem sagrada foi publicado e a poeira baixou, mais por curiosidade do que qualquer outra coisa, resolvemos visitar o autor da carta e ver que impressão teríamos dele. Precisávamos saber se era confiável ou não. Ele morava em Leafield, Oxfordshire, um condado rural da Inglaterra que abriga cidadezinhas idílicas com casas de pedra e cujo centro é a antiga cidade universitária de Oxford. O reverendo Bartlett residia num dos vilarejos situados na região mais montanhosa, no noroeste do condado. Falamos com ele no seu jardim, sentados num banco de madeira. Foi a trivialidade do cenário que tornou o tópico da nossa conversa ainda mais notável...» In Michael Baigent, Os Manuscritos de Jesus, Editora Nova Fronteira, 2006, ISBN 978-852-091-898-2.

Cortesia de ENFronteira/JDACT