segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Em Alto Mar. Wilbur Smith. «O príncipe Maomé fornecia informações de alta qualidade e, três anos antes, alertara Hector sobre um iminente ataque por mar»

Cortesia de wikipedia e jdact

«(…) Eles sabiam que não se tratava de uma ameaça vã. As risadas cessaram, e os olhos deles se tornaram sérios diante da expressão impassível de Hector, que os encarou assim que o silêncio se fez presente. Por fim, ele pegou o indicador da mesa à sua frente e se virou para a enorme imagem aérea e ampliada do terreno na parede atrás dele, e começou a ditar as últimas instruções. Delegou tarefas e reforçou ordens anteriores. Não queria nenhum tipo de descuido nesse trabalho. Meia hora depois, virou-se para eles mais uma vez. Perguntas? Não havia nenhuma, e ele os dispensou com uma ordem curta e grossa: qualquer dúvida, atirem e façam de tudo para que o tiro seja certeiro. Ele pegou o helicóptero e mandou Hans Lategan, o piloto, seguir pelo oleoduto até ao terminal na costa do Golfo. Voaram a uma altitude bem baixa. Hector estava no banco da frente ao lado de Hans, examinando o caminho em busca de sinais que indicassem actividades suspeitas, pegadas de estranhos ou marcas de pneus de veículos que não fossem dos caminhões GM de patrulha ou das equipes de engenheiros trabalhando no oleoduto. Todos os funcionários da Cross Bow usavam botas com a marca inconfundível de uma seta na sola, por isso até mesmo daquela altura Hector era capaz de diferenciar rastos familiares de potenciais malfeitores.
Durante o mandato de Hector como chefe de segurança, já haviam ocorrido algumas tentativas nefastas de sabotagem nas instalações da Bannock Oil em Abu Zara. Nenhum grupo terrorista tinha assumido a responsabilidade por esses actos, provavelmente porque haviam fracassado. O emir de Abu Zara, príncipe Farid al Mazra, era um aliado fiel da Bannock Oil. Os royalties de petróleo da empresa acumulados por ele somavam centenas de milhões de dólares por ano. Hector criara uma forte aliança com o comandante da força policial de Abu Zara, príncipe Maomé, cunhado do emir. O príncipe Maomé fornecia informações de alta qualidade e, três anos antes, alertara Hector sobre um iminente ataque por mar. Hector e Ronnie Wells, seu comandante de área no terminal, tinham conseguido interceptar os criminosos com o barco patrulheiro da Bannock, um antigo torpedeiro israelita de boa capacidade de aceleração, com duas metralhadoras Browning, calibre .50, montadas na proa. Havia oito terroristas a bordo do dhow, a embarcação árabe utilizada no ataque, juntamente com centenas de quilos de explosivos plásticos Semtex. Ronnie Wells era um antigo sargento-mor da Marinha britânica, um marinheiro bastante experiente e perito em ataques de embarcações pequenas. Ele surgiu do meio da escuridão por trás do dhow, pegando a tripulação completamente de surpresa. Quando Hector ordenou pelo megafone que se rendessem, a resposta foi uma saraivada de disparos automáticos. A primeira rajada de tiros das Brownings detonou os explosivos Semtex no porão de carga do dhow. Todos os oito terroristas partiram simultaneamente para os Jardins do Paraíso, deixando poucos traços da sua existência neste planeta. O emir e o príncipe Maomé ficaram satisfeitíssimos com o desfecho. Cuidaram para que nenhuma informação chegasse aos ouvidos da imprensa internacional. Abu Zara tinha orgulho de sua reputação de país estável, progressivo e amante da paz». In Wilbur Smith, Em Alto Mar, 2011, Editora Planeta Brasil, 2012, ISBN 978-857-665-880-1.

Cortesia de EPlaneta/JDACT