Corpo
Nu
«Espaço
solto
silêncio
que não queima
a
fenda corpo nu
exposta
aqui em vão
sombreada
parede
leito
devoluto
glaciar
parado
em
mar revolto.
Só!
Escravos
de cetim
teus
pensamentos
cobertos
de desejos
desmedidos
estrutura
do nada
fel
caminho
repouso
natural
em
peito meu.
E
logo voltas
muro
ensanguentado
capricho
em teu desterro
de
vómitos cuspido.
Passa
mas
volta
formiga
monstruosa
entrega
esse poder
de
dar
que
me revolta.
E
queda-te a meus pés
já
rastejando
que
nada me tiraste
maré
de fogo
num
mundo separado.
Silêncio
que não queima
a
fenda corpo nu
exposta
aqui em vão
entrega
esse poder
ou
diz enfim
que
não».
Senti
Amargo
«Senti
amargo
em
madrugada fria
certeza
descontente
desse
olhar parado
colhi
gritos de riso
gemidos
de prazer
em
erva enlameada
no
múltiplo capricho
que
nua revelaste.
Cuspi
de raiva
a
tua boca seca
bebi
teu leite
escorregando
nojo
depois
brinquei comigo
e
só que estava.
Dormi
sentindo
o
erro que tu eras
Senti
amargo
em
madrugada fria
eu
nada sou amor
sou
só o que queria».
Poemas
de Hélio C. Ferreira, in ‘As
Virgens’
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