NOTA: De acordo com o original
As edições do Hyssope
«(…) Camillo Castello
Branco possuía um exemplar da edição do Hyssope, de 1821, que hoje pertence ao livreiro-editor de Lisboa, Fulano de
tal, e no qual se encontram varias notas manuscriptas d'aquelle distincto romancista.
Por ellas se vê que Camillo divergia da opinião seguida por Garrett e por
outros escriptores, que consideravam o Hyssope de António Diniz Cruz Silva,
como o mais perfeito poema herói cómico escripto na língua portugueza. Eis as
notas de Camillo: A pag. XXXV, no fim;
este prologo, bem como as notas são de Timotheo Lecusson Verdier. A pag. 86: d'esta
e da pag. 27, se tira a limpo que o auctor não sabia interpor nos versos coisa
numérica que não fosse cem ou mil. Não conheço mais insulsa coisa em poesia heroi-comica,
do que este poema tão gabado pela cegueira ou ficção patriotica. Nas
pag. 26, 27, 108 e 110, estão sublinhadas as palavras cem e mil. No fim de pag. 114, escreveu Camillo a lapis: Miror!
Le Goupillon. Poéme héroi-comique, traduit du portugais
d'António Dinys. Encontram-se nalguns exemplares desta edição, umas novas
paginas supplementares, que são 69-70 e 75-76, as quaes foram ahi collocadas
com o fim de substituir as paginas dos mesmos números, que haviam sahido typographicamente
defeituosas. É attribuida, com fundamento, esta versão franceza a João
Francisco Boissonade, celebre hellenista e grande cultor da litteratura
portugueza. Em vários catálogos que fazem referencia a esta edição, menciona-se
o nome da livraria editora Veidet et
Lequien, fils, que vem no frontispicio, não se indicando a typographia onde
foi impressa.
Contrafacções brasileiras do Hyssope
Duas livrarias, pelo menos, uma do Rio de Janeiro e outra
estabelecida num dos Estados do Brasil, publicaram edições clandestinas do Hyssope,
com a indicação supposta de haver sido impressa a primeira em Lisboa e a segunda
no Rio de Janeiro. Por informações recebidas de pessoa competentissima, que em tempos
viu essas contrafacções, parece que uma d'ellas foi publicada pela livraria de
Serafim José Alves, do Rio de Janeiro, (edição cheia de erros, impressa em mau papel,
e muito incompleta). Essas contrafacções são hoje extremamente raras, não se encontrando
um único exemplar na Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro, ou em quaesquer outras
bibliothecas da mesma cidade. A contrafacção de livros portugueses e estimados,
embora hoje mais restricta, foi uma das grandes explorações do Brasil, principalmente
no tempo do Império, sendo porém justo dizer-se que, em geral, os auctores d
'essas contrafacções não eram brasileiros, mas um ou outro portuguez pouco consciencioso.
Edições projectadas que se não publicaram
O fallecido escriptor Innocencio
Francisco Silva, publicou em 1858, no
Archivo Pittoresco, uns apontamentos
acerca de António Diniz Cruz Silva e das suas obras, e tinha resolvido dar á estampa
uma extensa biographia de Diniz, destinada a acompanhar uma nova edição do Hyssope
em 8 cantos. Esse trabalho, illustrado pelo lápis de Bordallo Pinheiro, deveria
intitular-se Commentario ao Hyssope de
António Diniz Cruz Silva, compreendendo mais de duzentas notas históricas
e biographicas, criticas e philologicas, aproveitando e corrigindo todas as que
Verdier addiccionara ás duas edições do Hyssope, que publicou em Paris nos
annos de 1817 e 1821. O trabalho de Innocencio Francisco Silva não chegou
a publicar-se. Não se publicou egualmente uma edição do Hyssope
em 9 cantos, que obteve a devida licença da Commissão de Censura para se poder imprimir,
e que tem a data de 27 de Setembro de 1820. Pertencia o manuscripto ao livreiro-editor de Coimbra,
Jacques Orcel. A esta edição nos referiremos, quando dermos indicação das
cópias manuscriptas do Hyssope, existentes no Museu Etnológico
de Belém». In Francisco Augusto Martins Carvalho, As Edições do Hyssope,
Apontamentos Bibliográficos, (tiragem limitada, só para ofertas), Editor o
Autor, Casa Tipographica, Coimbra, 1921.
Cortesia de Casa
Tipographica/Coimbra/JDACT