sábado, 14 de março de 2015

Menos Rotina e mais Prazer. Roser Amills. «… se te contarem a lenda e a versão séria, escolhe a lenda. O amor e o bom sexo não decorrem das conveniências mas sim de reacções bioquímicas, […] a verdade é que os limites são sempre individuais»

Cortesia de wikipedia

Erotismo e Humanismo
«Imaginar e erotizar para ser e possuir. Nós, os humanos, construímos a nossa consciência de espécie através de aquisições realizadas na nossa evolução. Estas foram biológicas, etológicas e culturais. A síntese evolutiva baseada naquilo de que somos feitos e a integração do que nos faz tal como somos. O erotismo, uma manifestação da sensibilidade sexual, encontra-se entre a abstracção e a realidade do sexo social, e é desta maneira que se constitui em imaginação dialéctica. Não seríamos humanos sem o erotismo, a subtilidade não seria uma propriedade destacada da nossa espécie. Plutarco tinha sem dúvida razão: o erotismo é a desobediência da razão». In Eudald Carbonell

A Imaginação é capaz de voar mais alto do que a realidade
«No meu livro Sexo sabio, classifico as fantasias sexuais em quatro categorias: as de antecipação, as exploratórias, as de substituição e as parafílicas. Encontrar-se-ão neste livro interessante e descontraído de Roser Amills exemplos profusos e completos de todas elas, onde se torna evidente que, em questões de sexualidade, a imaginação é capaz de voar mais alto do que a realidade. Ao fazê-lo, permite que essa realidade se enriqueça numa dialéctica onde o imaginado e o vivido alargam os limites do nosso conhecimento e criam uma sinergia que potencia a fruição dos âmbitos em que a sexualidade se expressa, porque, como diz a autora, quantas mais fantasias sejamos capazes de compreender, melhor nos conheceremos». In Antoni Bolinches

Menos rotina e mais prazer
«Nem todas as fantasias são eróticas, mas o erotismo é sempre fantasioso porque depende da invenção e do jogo. Peço que leiam sem preconceitos nem sentimentos de culpa porque, como dizia Buñuel, na imaginação não há delito e, pelo contrário, crime é a pessoa refugiar-se na rotina. Para o sexólogo Havelock Ellis, é até uma prática aconselhável ler um texto picante: Nós, os adultos, temos necessidade da literatura obscena do mesmo modo que as crianças precisam dos contos de fadas, para nos libertarmos da força das convenções. Se, no campo da literatura erótica, o leitor não foi muito mais longe do que da indubitável carga morbífica contida na narração de Branca de Neve e os Sete Anões, aqui poderá avançar para novas e inesperadas fronteiras sensoriais através de um amplo catálogo de indecências. Ser-lhe-ão muito úteis para o inspirarem, o excitarem, o fazerem rir, o surpreenderem e, até, o escandalizarem. Encontrará aqui, sobretudo, ideias para aumentar o gozo, próprio e alheio. Roser Amills, com muito sentido de humor e meticulosidade, disseca e classifica as fantasias de mil personalidades célebres. Verá então com que facilidade vai dar rédea solta à sua imaginação mais abrasadora». In Susanna Griso

Quanto mais fantasiamos, mais humanos somos
«Somos o animal com a actividade sexual mais extravagante, praticamos o sexo pelo gozo e pela diversão, para darmos um incentivo à vida multicelular, e não só para nos reproduzirmos. Assim, a história do nosso erotismo decorre de fantasia em fantasia e depende da imaginação e do jogo, essência da mente humana e de qualquer artista, inventor, pensador. Adoramos falar disso. Sendo assim, o resultado é este livro que se movimenta pelos quartos das traseiras de biografias, confissões, entrevistas, correspondência e peripécias de mais de mil personalidades célebres. Que delícia espreitar pelo buraco da fechadura! Esquadrinhar exemplos divertidos de todas as épocas e nacionalidades, mais de mil e uma fantasias e curiosidades de choque: decadentes e nobres, inflamadas e intelectuais, epistolares, austeras, quotidianas, românticas, atribuladas, extravagantes, ridículas, doutorais, urgentes... Alma, coração e vida, há fantasias que são como a chuva, refrescam o espírito, e nem sequer na Bíblia são pecado. Há também fantasias para cada amante e para cada ocasião: donzelas espavoridas, génios, românticos, viciosos, vamps, raparigas, sedutores e coleccionadores, ingénuos, poderosos, boémios, rebeldes... Escreveram versos, romances ou guiões de cinema, pintaram, protagonizaram filmes, governaram, expuseram, inventaram, mentiram, filosofaram... E tiveram muitas fantasias eróticas! Não esqueçamos que estas personalidades, viveram e amaram, com tudo o que isso implica. Talvez tenha admirado alguns deles pelo que criaram ou escreveram. Pois bem, acredite em mim: neste particular, eles ganham.
Todos, à sua maneira, tentaram alcançar os mais altos níveis do prazer, com as suas circunstâncias, atalhos e truques, nalguns casos graças para dar o exemplo, para porem o seu íntimo a nu, por divertimento, para purgarem culpas ou por vaidade. Uns com mais satisfação, outros com desespero. À vista deste material, fica claro que, por vocação ou por muito tempo livre para os sublimes excessos amorosos, eles nos ajudam a considerar as fantasias eróticas tal como devemos fazê-lo para que funcionem: sem preconceitos e com muito sentido de humor. Assim o fizeram igualmente os fantasistas contemporâneos que quiseram participar, com uma visão mais actual e lúdica. Vamos divertir-nos, isentos de culpas. O que imaginaram e talvez tenham realizado (e que se torna fantasia para nós quando o lemos) ajuda a recordar-nos que, hoje como ontem, não há uma única maneira de amar, tal como não a há para alcançar a felicidade. Senhoras e cavalheiros, eis mil e um exemplos para fantasiar com dupla vantagem: na cama, o pecado principal é aborrecer, e quantas mais fantasias sejamos capazes de compreender, melhor nos conheceremos. Dois avisos: Algumas fantasias deixadas para a posteridade podem ser fruto da imaginação de coetâneos e de biógrafos, mas já dizia John Ford, se te contarem a lenda e a versão séria, escolhe a lenda. O amor e o bom sexo não decorrem das conveniências mas sim de reacções bioquímicas, tal como desfrutar deste livro em privado ou em companhia. A verdade é que os limites são sempre individuais e, quando se envolve outras pessoas em qualquer das fantasias que se seguem, que isso seja feito com o devido respeito e a devida concordância». In Roser Amills.

In Roser Amills, As 1001 Fantasias mais Eróticas e Selvagens da História, Editorial Presença, 2013, ISBN 978-972-234-991-8.

Cortesia EPresença/JDACT