Erotismo
e Humanismo
«Imaginar
e erotizar para ser e possuir. Nós, os humanos, construímos a nossa consciência
de espécie através de aquisições realizadas na nossa evolução. Estas foram
biológicas, etológicas e culturais. A síntese evolutiva baseada naquilo de que
somos feitos e a integração do que nos faz tal como somos. O erotismo, uma
manifestação da sensibilidade sexual, encontra-se entre a abstracção e a
realidade do sexo social, e é desta maneira que se constitui em imaginação dialéctica.
Não seríamos humanos sem o erotismo, a subtilidade não seria uma propriedade
destacada da nossa espécie. Plutarco tinha sem dúvida razão: o erotismo é a desobediência da razão».
In
Eudald Carbonell
A
Imaginação é capaz de voar mais alto do que a realidade
«No
meu livro Sexo sabio, classifico as fantasias sexuais em quatro
categorias: as de antecipação, as exploratórias, as de substituição e as
parafílicas. Encontrar-se-ão neste livro interessante e descontraído de Roser
Amills exemplos profusos e completos de todas elas, onde se torna evidente
que, em questões de sexualidade, a imaginação é capaz de voar mais alto do que
a realidade. Ao fazê-lo, permite que essa realidade se enriqueça numa dialéctica
onde o imaginado e o vivido alargam os limites do nosso conhecimento e criam
uma sinergia que potencia a fruição dos âmbitos em que a sexualidade se expressa,
porque, como diz a autora, quantas mais
fantasias sejamos capazes de compreender, melhor nos conheceremos». In Antoni
Bolinches
Menos
rotina e mais prazer
«Nem
todas as fantasias são eróticas, mas o erotismo é sempre fantasioso porque
depende da invenção e do jogo. Peço que leiam sem preconceitos nem sentimentos
de culpa porque, como dizia Buñuel, na
imaginação não há delito e, pelo contrário, crime é a pessoa refugiar-se na
rotina. Para o sexólogo Havelock Ellis, é até uma prática aconselhável ler um
texto picante: Nós, os adultos, temos
necessidade da literatura obscena do mesmo modo que as crianças precisam dos
contos de fadas, para nos libertarmos da força das convenções. Se, no campo
da literatura erótica, o leitor não foi muito mais longe do que da indubitável
carga morbífica contida na narração de Branca de Neve e os Sete Anões,
aqui poderá avançar para novas e inesperadas fronteiras sensoriais através de
um amplo catálogo de indecências. Ser-lhe-ão muito úteis para o inspirarem, o
excitarem, o fazerem rir, o surpreenderem e, até, o escandalizarem. Encontrará
aqui, sobretudo, ideias para aumentar o gozo, próprio e alheio. Roser Amills,
com muito sentido de humor e meticulosidade, disseca e classifica as fantasias
de mil personalidades célebres. Verá então com que facilidade vai dar rédea
solta à sua imaginação mais abrasadora». In Susanna Griso
Quanto
mais fantasiamos, mais humanos somos
«Somos
o animal com a actividade sexual mais extravagante, praticamos o sexo pelo gozo
e pela diversão, para darmos um incentivo à vida multicelular, e não só para
nos reproduzirmos. Assim, a história do nosso erotismo decorre de fantasia em
fantasia e depende da imaginação e do jogo, essência da mente humana e de
qualquer artista, inventor, pensador. Adoramos falar disso. Sendo assim, o
resultado é este livro que se movimenta pelos quartos das traseiras de
biografias, confissões, entrevistas, correspondência e peripécias de mais de
mil personalidades célebres. Que delícia espreitar pelo buraco da fechadura! Esquadrinhar
exemplos divertidos de todas as épocas e nacionalidades, mais de mil e uma
fantasias e curiosidades de choque: decadentes e nobres, inflamadas e intelectuais,
epistolares, austeras, quotidianas, românticas, atribuladas, extravagantes,
ridículas, doutorais, urgentes... Alma, coração e vida, há fantasias que são
como a chuva, refrescam o espírito, e nem sequer na Bíblia são pecado. Há
também fantasias para cada amante e para cada ocasião: donzelas espavoridas,
génios, românticos, viciosos, vamps, raparigas, sedutores e coleccionadores,
ingénuos, poderosos, boémios, rebeldes... Escreveram versos, romances ou guiões
de cinema, pintaram, protagonizaram filmes, governaram, expuseram, inventaram,
mentiram, filosofaram... E tiveram muitas fantasias eróticas! Não esqueçamos
que estas personalidades, viveram e amaram, com tudo o que isso implica. Talvez
tenha admirado alguns deles pelo que criaram ou escreveram. Pois bem, acredite
em mim: neste particular, eles ganham.
Todos,
à sua maneira, tentaram alcançar os mais altos níveis do prazer, com as suas
circunstâncias, atalhos e truques, nalguns casos graças para dar o exemplo,
para porem o seu íntimo a nu, por divertimento, para purgarem culpas ou por
vaidade. Uns com mais satisfação, outros com desespero. À vista deste material,
fica claro que, por vocação ou por muito tempo livre para os sublimes excessos
amorosos, eles nos ajudam a considerar as fantasias eróticas tal como devemos
fazê-lo para que funcionem: sem preconceitos e com muito sentido de humor.
Assim o fizeram igualmente os fantasistas contemporâneos que quiseram
participar, com uma visão mais actual e lúdica. Vamos divertir-nos, isentos de
culpas. O que imaginaram e talvez tenham realizado (e que se torna fantasia
para nós quando o lemos) ajuda a recordar-nos que, hoje como ontem, não há uma
única maneira de amar, tal como não a há para alcançar a felicidade. Senhoras e
cavalheiros, eis mil e um exemplos para fantasiar com dupla vantagem: na cama,
o pecado principal é aborrecer, e quantas mais fantasias sejamos capazes de
compreender, melhor nos conheceremos. Dois avisos: Algumas fantasias deixadas
para a posteridade podem ser fruto da imaginação de coetâneos e de biógrafos,
mas já dizia John Ford, se te contarem a
lenda e a versão séria, escolhe a lenda. O amor e o bom sexo não decorrem das conveniências mas sim de reacções
bioquímicas, tal como desfrutar deste livro em privado ou em companhia. A
verdade é que os limites são sempre individuais e, quando se envolve outras
pessoas em qualquer das fantasias que se seguem, que isso seja feito com o
devido respeito e a devida concordância». In Roser Amills.
In
Roser Amills, As 1001 Fantasias mais Eróticas e Selvagens da História,
Editorial Presença, 2013, ISBN 978-972-234-991-8.
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