sábado, 14 de março de 2015

Madrugada sem Sono. Vieste do Fim do Mundo. «Os espíritos altamente analíticos vêem quase que só defeitos: quanto mais forte a lente, mais imperfeita se mostra a coisa observada. O detalhe é sempre mau. O nada sobrenatural do espírito…»

jdact e wikipedia

Madrugada sem sono
«Na solidão a esperar-te,
meu amor fora da lei.
Mordi meus lábios sem beijos
tive ciúmes, chorei.

Despedi-me do teu corpo
e por orgulho fugi.
Andei dum corpo a outro corpo
só p’ra me esquecer de ti.

Embriaguei-me, cantei
e busquei estrelas na lama.
Naufraguei meu coração
nas ondas loucas da cama.

Ai abraços frios de raiva.
Ai beijos de nojo e fome.
Ai nomes que murmurei
com a febre do teu nome.

De madrugada sem sono,
sem luz, nem amor, nem lei
mordi os brancos lençóis.
Tive saudades, chorei».
Poema de Goulart Nogueira


Vieste do fim do mundo
«Vieste do fim do mundo
num barco vagabundo.
Vieste como quem
tinha que vir para contar
histórias e verdades
vontades e carinhos
promessas e mentiras de quem
de porto em porto amar se faz.

Vieste de repente
de olhar tão meigo e quente
bebeste a celebrar
a volta tua,
tomaste-me em teus braços
em marinheiros laços
tocaste no meu corpo uma canção
que em vil magia me fez tua.

Subiste para o quarto
de andar tão mole e farto
de beijos e de rum
a noite ardeu
cobri-me em tatuagens
dissolvi-me em viagens
com pólvora e perdões tomaste
o meu navio que agora é teu».
Poema de João Loio

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