Madrugada
sem sono
«Na
solidão a esperar-te,
meu
amor fora da lei.
Mordi
meus lábios sem beijos
tive
ciúmes, chorei.
Despedi-me
do teu corpo
e
por orgulho fugi.
Andei
dum corpo a outro corpo
só
p’ra me esquecer de ti.
Embriaguei-me,
cantei
e
busquei estrelas na lama.
Naufraguei
meu coração
nas
ondas loucas da cama.
Ai
abraços frios de raiva.
Ai
beijos de nojo e fome.
Ai
nomes que murmurei
com
a febre do teu nome.
De
madrugada sem sono,
sem
luz, nem amor, nem lei
mordi
os brancos lençóis.
Tive
saudades, chorei».
Poema
de Goulart Nogueira
Vieste
do fim do mundo
«Vieste
do fim do mundo
num
barco vagabundo.
Vieste
como quem
tinha
que vir para contar
histórias
e verdades
vontades
e carinhos
promessas
e mentiras de quem
de
porto em porto amar se faz.
Vieste
de repente
de
olhar tão meigo e quente
bebeste
a celebrar
a volta
tua,
tomaste-me
em teus braços
em
marinheiros laços
tocaste
no meu corpo uma canção
que
em vil magia me fez tua.
Subiste
para o quarto
de
andar tão mole e farto
de
beijos e de rum
a
noite ardeu
cobri-me
em tatuagens
dissolvi-me
em viagens
com
pólvora e perdões tomaste
o
meu navio que agora é teu».
Poema
de João Loio
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