Monte
da Madalena
«Ali
aonde o céu é mais pertinho
e onde
mais a sós a natureza
ao
Criador bendiz, reza baixinho
uma
oração de paz e de beleza;
Madalena
onde os anjos ao sol-pôr
se
esquecem da feliz mansão divina
para
sorver o mágico palor
da
tarde que fenece purpurina...
Numa
clara manhã, morna de encanto,
enlevado
subi o monte santo,
e
fui, também, lá cima de romagem.
E
num deslumbramento de Tabor,
transfigurar-se,
então, vi o Senhor
ante
o divino quadro da paisagem!...
Adolescências
I
Nasceu
uma estrela
quando
eu nascia.
Ao
nascer tive uma estrela
Por
companhia...
Para
toda a parte
por
onde eu ia,
a
estrela me seguia
solícita
como um anjo.
Mas
essa estrela
que
nasceu quando eu nascia,
não
era uma estrela
bela
como as demais...
Era
uma estrela fosca,
uma
estrela sem brilho
que
me guiava
como
a um filho.
Mas
a pobre estrela
era
cega, e assim caminhámos
os
dois num confundidos
sem
ver por onde íamos.
quantos
perigos afrontámos;
ó
Deus, que infeliz jornada!
Essa
estrela que nasceu
quando
eu nascia;
que
nasceu sem luz, sem brilho
para
iluminar o meu caminho,
foi
a estrela da minha sorte.
Estrela
sem brilho,
vida
sem norte,
vivo
no mundo sem ventura,
procuro
na vida o sabor da morte,
procuro
no mal o gozo d’amargura...
Soneto e poema de Acácio Matias, in ‘Fora de Moda’ (8out49 e 21jun46)
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